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O IPCA não é só feito de combustível, arroz e feijão. Você sabia que ingressos para partidas de futebol e assinaturas de plataformas de streaming fazem parte dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)? Além dos produtos que fazem parte da cultura de consumo no Brasil, como alimentos, passagem de ônibus, material escolar e gastos médicos, são mensurados outros itens não convencionais, baseados em características menos constantes do consumo nacional.
Para se ter uma ideia, assinaturas de jornal e ternos compunham o índice mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para medir a variação dos preços no país.
Jackson Bittencourt, economista, professor e coordenador do curso de Economia da PUCPR, explica que “75% da amostra do IPCA é de uma base fixa e 25% são aleatórios”. Isso significa que podem incluir gastos com animais domésticos e entretenimento.
A amostragem abrange nove categorias com pesos diferentes no cálculo da variação de preços mensal: alimentação e bebidas (23,12%), transporte (20,54%), habitação (14,62%), saúde e cuidados pessoais (11,09%), despesas pessoais (9,94%), vestuário (6,67%), comunicação (4,96%), artigos de residência (4,69%), e educação (4,37%).
Essa lista inclui entre 300 e 400 itens e corresponde a três quartos do valor do IPCA. Os itens que compõem os outros 25% do cálculo da inflação variam de acordo com as mudanças do perfil de consumo das famílias.
Mas o levantamento não leva em conta apenas a variação de preços de cada item. Ela também analisa qual o peso que eles têm no orçamento das famílias. A pesquisa do IPCA é realizada em domicílios, estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, concessionárias de serviços públicos e pela internet. A cesta é definida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que verifica o que a população consome e quanto do rendimento familiar é gasto em cada produto.
São pesquisadas famílias que tenham um rendimento entre 1 e 40 salários-mínimos. Segundo o IBGE, esta faixa de renda foi determinada para assegurar uma cobertura de 90% das famílias que vivem nas áreas urbanas do Brasil.
O IPCA é importante para que as pessoas conseguirem medir se o poder de compra cresceu, diminuiu ou não mudou em relação ao mês anterior ou a um determinado período de tempo.
Na avaliação de Jackson Bittencourt, a melhor análise da inflação é feita no acumulado do ano, o chamado IPCA acumulado. Esse índice representa a soma de todos os IPCAs mensais realizados durante um determinado período, geralmente de 12 meses. Além disso, é através do acumulado que é possível saber quanto a inflação corroeu o poder de compra do brasileiro.
“Se pegarmos os últimos 12 meses, entre agosto de 2021 e julho de 2022, o acumulado está perto dos 10%. Para se ter uma ideia, o brasileiro perdeu, em média, 30% do poder de compra em relação a 2019”, exemplifica o professor.
Em agosto deste ano, segundo os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta, 09 de setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve queda, impactada principalmente pela redução no preço dos combustíveis, que diminuíram em média 3,37% em todo o país.
O IPCA do mês de agosto ficou em -0,36%. Isso significa que a média dos preços praticados em todo o país diminuiu 0,36 em comparação com julho deste ano. Já a inflação acumulada de setembro de 2021 a agosto de 2022 está em 8,73%.
A principal alta registrada no mês passado foi no segmento de saúde, com 1,31%. Enquanto o segmento de Alimentos e Bebidas, o que mais pesa no cálculo do IPCA, subiu 0,24% no país.