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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira (13), os dados sobre ocupação e desocupação no País e em Minas Gerais no primeiro trimestre de 2022, obtidos por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
No Estado, a taxa de desemprego fechou em 9,3%, um ponto percentual a menos do que aquele registrado no último trimestre de 2021. Dessa forma, hoje, em território mineiro, 10,3 milhões de pessoas têm alguma ocupação, enquanto uma parcela de 1,06 milhão ainda se encontra desempregada.
Assim como na pesquisa anterior (4º trimestre de 2021), a taxa de desocupação em Minas Gerais continuou inferior à brasileira (11,1%) entre janeiro e março deste ano. A análise do IBGE mostra que a maioria dos estados se manteve estável nas taxas de desocupação.
Como destaque em Minas Gerais, no setor privado, ainda conforme números da Pnad Contínua, estima-se que houve um incremento de 274 mil pessoas com carteira assinada. A soma, neste caso, chega a mais de 3,8 milhões de pessoas, sendo que o número representa um avanço de 7,6% quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior.
Apesar da estabilidade, o professor de Finanças do Ibmec e diretor da Valorum Gestão Financeira, Marcos Sarmento Melo, afirma que o ideal seria o registro de uma redução de pelo menos a metade do que é identificado hoje. “Esses números ainda estão altos e deveriam ficar em torno de 5%. Mas, por outro lado, a gente percebe que está tendo uma diminuição, ainda que lenta. Outro ponto importante é que a renda da população, para aqueles que estão empregados, está menor. Ainda é preciso recuperar o nível pré-pandemia”, avalia o professor.
Nesse sentido, a Pnad Contínua também mostra exatamente a queda do rendimento médio real habitual em Minas Gerais. No trimestre, o valor foi estimado em R$ 2.245, o que mostra uma queda de 6,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Somente em São Paulo houve alta no rendimento dos trabalhadores, sendo avaliado em R$ 2.548. Em 2021, no entanto, o rendimento médio mensal neste estado era de R$ 2.789.
Ainda de acordo com o professor Marcos Sarmento Melo, a taxa de desemprego teve um aumento expressivo em meio às medidas de contenção da pandemia da Covid-19, o que se soma a novos fatores. Entre os motivos externos para que a taxa de desocupação brasileira e mineira não diminua de forma acentuada estão a guerra na Ucrânia, que encarece o petróleo, e a própria dificuldade de uma retomada da cadeia produtiva mundial.
Essa situação nos diversos elos que atuam nos setores de fornecimento de commodities, principalmente, já era uma realidade antes mesmo da guerra no Leste europeu. No entanto, o conflito está agravando, ainda segundo Melo, o cenário de escassez de contêineres e processos logísticos, além de acrescentar dificuldades no abastecimento de fertilizantes e de trigo, por exemplo. “Tudo isso acaba provocando um aumento da inflação na cadeia mundial inteira. A tendência é que os bancos centrais elevem a taxa básica de juros, e dessa forma você diminui a atividade econômica e diminui as contratações”, afirma Melo.
Os entraves para a produção a nível global estão provocando um efeito de inflação diferente daquele mais comum. Conforme explica o professor do Ibmec, não há demanda excessiva que justifique as altas nas taxas de juros e dos preços. O que há é uma falta de oferta de produto originada pela dificuldade de normalização das cadeias produtivas em um nível anterior ao início da pandemia da Covid-19.
A Pnad Contínua também identificou que as taxas de desocupação das pessoas brancas e homens ficaram abaixo da média nacional, com 8,9% e 9,1%, respectivamente. As mulheres (13,7%), pessoas pretas (13,3%) e pardas (12,9%) são as que mais estão na linha do desemprego.
No que diz respeito às faixas de idade, os jovens de 18 a 24 têm a maior taxa de desocupação, com 22,8%. “São jovens ainda em processo de formação, que não têm uma inserção muito efetiva no mercado de trabalho, ocupando, muitas vezes, trabalhos temporários. Eles entram e saem do mercado com mais frequência. Muito em função de, às vezes, terem que compatibilizar estudos com trabalho. Há ainda outros aspectos estruturais, como pouca experiência e qualificação. Por isso, estão rotineiramente pressionando o mercado”, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.